António Mateus Médico Ortopedista

Próteses da anca,
por técnica própria minimamente agressiva com mini incisão 
(video)

 
PRÓTESE TOTAL DA ANCA (PTA)
 

A PRÓTESE TOTAL DA ANCA ou artroplastia total da anca é a prótese com melhores resultados e é uma das cirurgias mais gratificantes na cirurgia ortopédica .
É das cirurgias ortopédicas mais frequentemente realizadas em todo o mundo e em Portugal são efectuadas cerca de 12.000 próteses da anca por ano.

Quem sofrer de artrose da anca (osteoartrite degenerativa primária ou secundaria)

Quem tenha sofrido fractura do colo do fémur (sem possibilidade de osteossíntese com prognóstico aceitável)

Quem tenha doença inflamatória da anca (artrite reumatoide, etc.)

Em casos de patologia mais rara da anca.
A altura certa (timing) para a operação não é determinada pela idade, deve-se ser operado quando:
A dor na anca se tornar intolerável
As limitações nos movimentos da anca dificultarem o dia a dia do paciente 
Devem ser feitas radiografias:
Rx de face da bacia
Rx de face e de perfil das ancas.
 
Poderão ser feitos outros Rx, tomografia axial computorizada (TAC), ressonância magnética nuclear (RMN), dependendo das particularidades de cada paciente.

A anca é a articulação entre o osso da bacia (acetábulo) e o osso da coxa (fémur).

Na artrose, a cartilagem que reveste a extremidade do osso desgasta-se provocando dor que é agravada com os movimentos, há deformação óssea e há limitação dos movimentos da articulação da anca devido ao desgaste da cartilagem, á deformação óssea e à retração da cápsula articular e dos músculos.



QUANDO HÁ ARTROSE A MELHOR SOLUÇÃO É A OPERAÇÃO E A SUBSTITUIÇÃO DA ARTICULAÇÃO POR UMA PRÓTESE.



Se o paciente não quiser ser operado, não vai morrer desta doença, mas vai ter cada vez mais dores que melhoram mas não passam com os medicamentos, vai ficar cada vez mais limitado e com mais dificuldade, como por exemplo, em calçar ou apertar os cordões dos sapatos, em sentar-se ou levantar-se, em entrar ou sair da banheira ou do carro, etc.


É feita a operação (cirurgia) para colocar a prótese e os objectivos são:

Eliminar a dor.

Melhorar a mobilidade da articulação.

Recuperar os movimentos normais da anca.

Melhorar a qualidade de vida do paciente.

A prótese vai substituir as superfícies articulares desgastadas e é constituída por dois componentes principais, um que encaixa no acetábulo e outro que encaixa no fémur.

Os componentes da prótese podem ser de metal, de ligas de metal, de polietileno, de cerâmica, e mais raramente de outro tipo de materiais.



Os componentes da prótese podem ser fixados (colados) ao osso com ou sem cimento.

A escolha da prótese tem em atenção a idade, a qualidade óssea, o nível de actividade física, o estado geral e a expectativa de vida do paciente.

A prótese cimentada é principalmente indicada em pacientes com idade superior a 65 anos com compromisso da qualidade óssea (má qualidade óssea).
A fixação no osso da haste e da cup acetabular da prótese é conseguida pelo uso de cimento acrílico (o cimento cola no componente da prótese e liga-se ao osso penetrando nas trabéculas ósseas).

A prótese não cimentada é a preferida nos jovens e nos pacientes com idade inferior a 65 anos e com boa qualidade óssea.
A fixação da haste femoral e da cup acetabular no osso é conseguida por pressfit (colocação à pressão) (o componente da prótese é revestido por material poroso que permite que o osso cresça para dentro de pequenos orifícios, agarrando-se assim o osso à prótese).

Estão disponíveis próteses em vários tamanhos, geometrias e com diferentes tamanhos de cabeça femoral. São possíveis várias combinações para que se consiga a melhor função fisiológica da articulação da anca e tendo em consideração a situação anatómica particular de cada paciente.

Para o componente femoral, a utilização de haste convencional é a melhor opção (outras opções têm indicações específicas: mini haste e sistema de revestimento - hip resurfacing sistem).

Os materiais das superfícies de carga (dos componentes que articulam um com o outro, do insert acetabular e da cabeça da haste femoral), ou seja do par articular (tribologia), são escolhidos de acordo com as especificidades de cada paciente.
Os cirurgiões têm a sua experiência e as suas preferências.
O par articular metal/polietileno (MoP UHMWPE e MoP crosslinked UHMWPE) é o mais comumente utilizado, experiência e follow-up superior a 40 anos e o mais económico.
O par articular cerâmica/polietileno (CoP) e cerâmica/cerâmica (CoC), tem desgaste mais reduzido em comparação com MoP, mas maior risco de fractura da cabeça de cerâmica, o CoC por vezes dá chiadeira na anca.

Os mais indicados são:
MoP crosslinked, em todo o tipo de pacientes e principalmente nos pacientes com mais idade;
CoC, nos pacientes mais jovens que exerçam profissões consideradas leves e que não pratiquem desportos de impacto;
CoP, em pacientes considerados jovens, sem actividade desportiva de impacto.
 



O tamanho da cabeça de 28 mm de diâmetro tem sido o mais utilizado e com os melhores resultados (tamanhos mais apropriados entre 28 e 36 mm). Tamanhos maiores são possíveis mas têm as suas particularidades e especificidades.
As próteses têm um tempo médio de sobrevida - duram em média 15 anos (isto quer dizer que num paciente a prótese durará 15, 20 ou 30 anos mas noutro durará apenas 7, 10 ou 12 anos).

A prótese não é uma operação definitiva, já que se desgasta ou se descola e pode requerer a sua substituição.

É comum falar-se em rejeição da prótese, o que muito raramente acontece por alergia aos materiais da prótese, o que acontece quando se fala de rejeição é que a prótese infectou e algumas vezes tem que ser retirada.
Embora seja uma operação complexa, normalmente decorre sem problemas.

As operações não estão isentas de riscos, pode haver complicações que requerem tratamentos ou até uma nova operação, e pode haver um mínimo risco de morte.

Os riscos que se correm são os inerentes a uma grande cirurgia e as principais complicações da artroplastia total da anca (PTA) são: a infecção, o tromboembolismo, a dismetria, a luxação, a fractura periprotésica, a lesão vascular, a lesão neurológica.

É feita a profilaxia da infecção com aplicação de dose adequada de antibiótico, durante a indução anestésica (poderá ou não prolongar-se a tomada de antibiótico), para prevenir a infecção que pode acontecer em 1 a 2% dos pacientes operados.

A profilaxia da tromboembolia inicia-se no pós-operatório imediato e prolonga-se durante algumas semanas (a artroplastia total da anca é uma cirurgia de risco para tromboembolismo).

Pode-se ficar com uma perna mais curta?
Pode, mas a dismetria (uma perna ficar mais curta que a outra) resolve-se com facilidade passando a usar uma palmilha dentro do sapato do lado da perna mais curta.

A prótese pode saltar do sítio?
Pode, mas a luxação da prótese resolve-se recolocando a prótese no sítio (em casos raros de luxação de repetição o paciente pode ter que ser reoperado).
O cirurgião durante a cirurgia faz o balanço adequado entre a possível dismetria e a probabilidade de luxação (tenta igualar o comprimento dos membros inferiores e tenta diminuir a probabilidade de a prótese sair do sítio, sendo mais importante a prótese não luxar).

As complicações per-operatórias de lesão vascular, de lesão neurológica, de fractura, ou outras, são mais raras.
Na maioria dos pacientes é necessário fazer transfusão de sangue, principalmente nos mais idosos e nos que têm valores de hemoglobina mais baixos.

Nos jovens com o sangue mais “forte” (valores de hemoglobina mais elevados), geralmente não é necessária a transfusão de sangue.

A transfusão ou não depende muito das particularidades individuais de cada paciente, uns sangram mais outros menos.

Os pacientes que tomem medicamentos para a coagulação (varfine, aspirina, ou outros anticoagulantes) deverão informar o médico.

Actualmente as transfusões de sangue não põem problemas (os dadores de sangue são bem rastreados, os sangues são convenientemente estudados e seguros, e não consta que estejam a ser transmitidas doenças pelas transfusões de sangue).

Há doentes que por questões religiosas optam em não aceitar transfusão de sangue.
É possível fazer a prótese correndo mais riscos.
É importante a presença de familiar ou amigo, que ajude a ultrapassar o período menos agradável que é o da operação, e que participe na recuperação.

O paciente deverá ser operado quando tiver assegurado suporte familiar ou social, para o pós-operatório imediato.

Deverá estar preparado psicologicamente e deve encarar a operação com espírito positivo e colaborante, é muito importante a sua participação na recuperação e deve ter sempre em mente o objectivo final que é o de alcançar uma melhoria franca.

A casa deve ser preparada para receber o doente após a operação.
Dever haver o maior espaço livre e desimpedido para que o doente possa caminhar com as canadianas e sem ter o risco de queda, cuidado não ter tapetes ou fios soltos no espaço onde irá caminhar, é bom ter cadeira de braços confortável para estar sentado e se poder levantar com facilidade, deverá poder ter próximos os objectos de maior utilidade, ter facilidade e segurança no tomar banho sem cair, ter sanita com ou sem aumento de altura para se poder sentar sem risco de luxação da prótese e se poder levantar com facilidade, etc.
O paciente recebe informação, atempadamente e antes do acto operatório:  
  • Àcerca da patologia que possivelmente esteve na origem da deterioração e das alterações sofridas na sua articulação da anca
  • Das alternativas de tratamento
  • Dos objectivos da artroplastia
  • Da constituição da prótese
  • Do método de fixação
  • Dos materiais a utilizar no seu caso particular
  • Da sobrevida média da prótese
  • Dos riscos operatórios
  • Das técnicas anestésicas disponíveis
  • Das complicações possíveis como a infecção, o tromboembolismo, a fractura, a dismetria, a luxação, as complicações vasculares, neurológicas ou outras
  • Da possível necessidade de transfusão sanguínea
  • Da assinatura do respectivo consentimento informado
  • Do acto operatório em si
  • De todas as precauções tomadas pelo cirurgião
  • Das medidas seguidas para a diminuição da probabilidade da ocorrência de todas as possíveis complicações
  • Das precauções a tomar
  • Da recuperação funcional a realizar
  • Do seguimento pós-operatório futuro
Avaliação
O cirurgião (ortopedista) avalia o paciente no seu contexto global, observa os exames imagiológicos (Rx), propõe o tipo de prótese e os componentes mais indicados a utilizar no paciente, avalia os exames complementares préviamente realizados para a cirurgia (análises e ECG), indica a suspensão ou não de toma de medicamentos antes da cirurgia, marca a data da cirurgia de acordo com o paciente, dá as instruções e passa documentos necessários ao internamento, presta toda a informação e dá todos os esclarecimentos solicitados pelo paciente.

Autorizações
O cirurgião solicita as autorizações necessárias às entidades convencionadas ou seguradoras para a cirurgia, caso necessário.

Sincronia com o bloco operatório
O cirurgião acorda com o bloco operatório a data e hora da cirurgia e dá indicações de todo o material necessário para a cirurgia e da casa fornecedora do material da prótese.

Consentimento informado e esclarecido, para a cirurgia - O consentimento informado é assinado pelo paciente ou seu representante legal e pelo cirurgião, e após serem prestados todos os esclarecimentos necessários, ou solicitados pelo paciente. O paciente tem o direito de desistir do acto cirúrgico a qualquer momento.
Para o hospital só se deverá levar o indispensável, não levar quantias em dinheiro, objectos pessoais ou adornos valiosos.

Na chegada ao Hospital deverá informar os profissionais de enfermagem de necessidades extra ou da utilização pessoal de aparelhos ou dispositivos médicos.

Deverá levar toda a medicação que está a tomar, roupa confortável​​, sapatos fechados confortáveis que não deslizem com facilidade, artigos de higiene pessoal e canadianas.

O paciente é preparado para a operação e aguarda ser chamado para o bloco operatório.
A operação não é iniciada antes de se verificar que todas as condições estão reunidas para que não haja problemas e a cirurgia seja um sucesso (condições da sala operatória, da equipa cirúrgica, de todo o material necessário à operação, dos componentes da prótese, etc).

Será colocada algália para drenagem urinária, até condições para retirada o mais depressa possível.
Será administrado o antibiótico indicado e necessário para a profilaxia da infecção da prótese.

Anestesia
Para se ser operado a prótese da anca é necessário ser-se anestesiado (é uma grande cirurgia e ninguém conseguiria aguentar sem ser anestesiado).

Há essencialmente dois tipos de anestesia, a anestesia geral e a anestesia loco-regional (raquianestesia ou epidural, em que o paciente só fica anestesiado da cinta para baixo, não sentindo nem mexendo as pernas).

O médico anestesista avaliará e proporá o tipo de anestesia mais indicado a cada paciente.

A anestesia preferida para este tipo de cirurgia é a loco-regional. A anestesia é feita administrando os medicamentos indicados e necessários.



O paciente é posicionado, a pele é lavada e desinfectada, o campo operatório é delimitado por material esterilizado, são colocados todos os acessórios indispensáveis à cirurgia.

A cirurgia propriamente dita inicia-se com a incisão da pele e dos tecidos moles para aceder à articulação, as superfícies ósseas são preparadas e a prótese é devidamente colocada.



É colocado dreno (para aspirar o sangue em excesso da ferida operatória), a ferida operatória é encerrada e é colocado penso adequado.
Será ou não necessário iniciar a transfusão de sangue.
O paciente é acordado em caso de anestesia geral.

A operação acabou e o paciente é levado para a unidade pós anestésica, onde vai continuar a ser monitorizado e vigiado até ter condições para poder regressar à sua cama no quarto ou na enfermaria.

Os movimentos permitidos de recuperação deverão iniciar-se o mais breve.






FILME DA ARTROPLASTIA (OPERAÇÃO) 

 

São feitos os registos do acto operatório de acordo com as normas gerais estabelecidas e de acordo com as normas particulares de cada hospital.

São registadas as características técnicas dos componentes da prótese utilizados, é fornecido ao paciente e é arquivado registo com etiquetas de códigos de barras.
Imediatamente à cirurgia, esteja onde estiver o paciente, e logo que o paciente acorde da anestesia geral e tenha controlo de movimentos ou que recupere a mobilidade dos membros inferiores após anestesia loco-regional deverá mexer os tornozelos para cima e para baixo (flexão e extensão), bem como os joelhos, sentindo os músculos a contraírem-se.



É importante, pois que com a contração muscular se inicia o movimento de recuperação funcional das articulações e se faz a prevenção do tromboembolismo.

Inicia-se a aplicação de medicamento profilático para o tromboembolismo, 6 a 12 horas após a cirurgia (enoxaparina, o mais utilizado).

O paciente irá permanecer no leito 24 a 48 horas e logo que possa estar sentado não deverá estar deitado e logo que possa estar em pé não deverá estar sentado.
É muito diferente tomar as refeições, ler, ver televisão, falar ou receber as visitas em pé ou sentado do que deitado.

O dreno será retirado entre as 24 e as 48 horas, ficando o doente livre de “tubos” e com uma mobilidade muito melhorada para poder fazer marcha com canadianas e cuidar da sua higiene pessoal.

Seguindo as instruções do cirurgião e dos enfermeiros de recuperação o paciente vai saber sair da cama, ir à casa de banho, andar de canadianas, subir e descer degraus, entrar e sair do carro.

O paciente quando 3 a 4 dias após ser operado tiver alta deverá ir pelo seu pé para o “seu” carro, para casa, onde continuará a sua recuperação.


Na alta são prestadas todas as informações a seguir no domicílio, são passadas receitas dos medicamentos a tomar (profilaxia tromboembólica, analgésico, outros), é dada informação escrita sobre a operação e os cuidados de penso a ter, bem como a data da retirada dos pontos (agrafos) e da recuperação e cuidados a ter no domicílio.

É estabelecida a vigilância e o seguimento pós-operatório futuro.
O paciente deverá continuar a sua recuperação de acordo com os ensinamentos que lhe foram prestados e dentro dos limites aconselhados, sem receio mas com os cuidados necessários a evitar as quedas e a luxação da prótese.

É aconselhável a recuperação funcional orientada por profissional habilitado ou em clínica de fisioterapia, para uma mais fácil e rápida recuperação funcional, e retoma das actividades.


O seguimento e vigilância da recuperação e evolução do paciente e o estado da prótese, será feito em consulta por volta dos 1, 3 e 6 meses e ao ano, com avaliação clínica e radiológica.

Posteriormente de ano a ano, excepto se houver alteração do bom estado clínico do paciente ou houver alterações radiográficas que o justifiquem.
Será óptimo para o paciente e muito gratificante para o médico que por volta dos 6 meses após a operação, o objectivo da realização da prótese total da anca tenha sido alcançado e que o paciente possa dizer para o médico
estou muito bem e realmente valeu a pena ser operado